28/06/2009

O Custo de Oportunidade com a crise: o “sobe e desce” das Bolsas de Valores

Sinais da crise

A revista Cartacapital do mês de outubro de 2008 apresentou um cálculo interessante feito por um especialista: “se você tivesse investido R$ 1000,00 em janeiro de 2005 nos papéis da AIG, hoje teria R$ 59,00. Se você tivesse comprado R$ 1000,00 em latas de refrigerante, teria bebido bastante e, hoje, ao vender só as latinhas, conseguiria R$ 80,00.” Isso nos remete a uma importante reflexão sobre como aplicar o nosso dinheiro e abre uma discussão sobre o custo de oportunidade, “perdas e ganhos”, na crise mundial, ou seja, o que se perde quando se renuncia a uma oportunidade.

É importante observar que, nesse raciocínio, aparecem elementos como a análise de conjuntura, o risco da aplicação e o tempo de abdicação do consumo, mesmo tendo os R$ 1000,00 preparados para serem gastos.

Exemplo prático, para facilitar o entendimento, analisando o valor de um aluguel.

Um imóvel custa R$ 100.000,00 e o valor do aluguel desse mesmo imóvel é R$ 700,00. Se, em vez de comprar o imóvel, você investe o capital em um fundo de renda fixa, por exemplo, que lhe dará um retorno de 1% (R$ 1000,00), você tem um baixo custo de oportunidade, visto que a decisão de comprar o apartamento (nesse caso) seria pior, FINANCEIRAMENTE falando.

O custo de oportunidade de um capital aplicado em um negócio é o valor que ele geraria em termos de remuneração em outra aplicação.

Analisemos a situação da Bolsa de Valores...

Como funciona o cenário da Bolsa?

Há muito tempo, no Brasil, poupar era sinônimo de abrir uma poupança e depositar nela as possíveis sobras da receita doméstica. Uma atitude muito comum era guardar dinheiro para aquisição de um bem no futuro. A oferta de produtos não era tão grande, assim como os mecanismos de crédito. Com o processo de globalização da economia, novas formas de investimento foram se popularizando, entre elas a compra de ações.

De forma simplificada, a bolsa de valores representa as expectativas futuras do lucro de uma empresa, de forma que os portadores de suas ações ganham parte proporcional de lucro, quando a empresa vai bem, e perdem, caso contrário.

No entanto, a crise econômica nos faz observar outros fatores, além do desempenho da empresa responsável pelo valor da ação.


Exemplo: a Petrobras encontra-se num instante promissor, pela possibilidade da exploração do petróleo situado na camada pré-sal. Mesmo assim, percebe-se uma grande desvalorização do preço de suas ações. Por quê?

Além da depreciação do valor do barril do petróleo, inclusive pela diminuição da capacidade produtiva e de consumo, a empresa necessita de recursos, e é isso que, no momento, está faltando: dinheiro.

Isso acontece porque a crise econômica é também uma crise de confiança. A quebra de bancos, por exemplo, gera um grau de incerteza no mercado que faz com que a circulação de dinheiro diminua. Quem tem não empresta, e só o faz sob condições de elevadas taxas de juros.

Projetos novos e rolagem de dívida tornaram-se difíceis para as empresas, o que deixa seu futuro incerto e, portanto, faz cair o valor das ações.

Observação: em economia, rolagem de dívida é um termo relacionado com o ato de “rolar” uma dívida, adiando o seu pagamento. Consiste na troca de títulos vencidos de uma dívida velha por títulos a vencer no futuro, que passam a construir uma dívida nova.

Como analisamos o Custo de Oportunidade?

Temos de comparar valores reais disponíveis em tempos diferentes. Para isso, em matemática financeira, aplicamos os conceitos de valor presente (VP) e valor futuro (VF), através da expressão:

VF = VP (1 + i)n, onde “i” é a taxa aplicada no referido tempo “n” (juros compostos).

Exemplo:

Calcular o investimento necessário para se produzir um montante de R$ 23000,00, a uma taxa de juros de 18,2% a.a. (ao ano), daqui a 288 dias. Considerar o ano comercial.


Utilizando esse conceito, podemos calcular valores de resgate de investimento (valor futuro), prestações de um financiamento, valor de quitação de uma dívida parcelada etc.

Abaixo, apresentaremos várias situações do nosso cotidiano. São problemas que podem ser resolvidos com o uso da fórmula acima, ou outras, com uma calculadora financeira ou científica.

1) Determine o valor de resgate de um investimento de R$ 15000,00, aplicado a uma taxa de juros de 1,8% a.m. (ao mês), por um prazo de quatro semestres.
Importante: tempo e taxa devem estar na mesma unidade.

Resposta: Depois de 4 semestres você terá R$ 23016,43.

2) Um estudante comprou um carro por R$ 20000,00, sendo R$ 5000,00 de entrada e mais 15 parcelas mensais “sem juros” de R$ 1000,00, vencendo a primeira parcela um mês após a compra. Determine a taxa mensal de juros implícita do financiamento, sabendo que o estudante poderia ter adquirido o veículo com um desconto de 10% para pagamento à vista.


Resposta: A taxa de juros foi de 1,84% a.m.


3) Um pai, interessado em fazer uma poupança para seu filho, resolveu depositar mensalmente R$ 1.000,00, durante 18 anos, com o primeiro depósito sendo efetuado daqui a 1 mês. Determinar o montante disponível para o filho, ao final do período, sabendo que a taxa de juros é de 1% a.m.

Resposta: Ao final dos 18 anos o filho terá R$ 757860,63 disponíveis na poupança.

Nenhum comentário: