07/03/2013

ISRAEL - 2013

1 - INTRODUÇÃO

Ao chegarmos emTelAviv, o nosso guia, Adi Eshed, comentou que teríamos um jantar surpresa na noite seguinte. Pessoalmente, eu não criei muitas teorias para o que poderia acontecer. Embora, outros membros da “comitiva” tupiniquim chegassem a elaborar “teses”, eu preferi aguardar o momento. Fomos levados até a área portuária de Jaffa, onde fomos apresentados a um novo conceito de culinária, sem sombra de dúvidas, uma nova e indescritível experiência. 


 O Jantar surpresa aconteceu num restaurante chamado Blackout. Nesse jantar o maior desafio não foi lidar com nenhuma comida exótica local, mas com a realidade cotidiana dos deficientes visuais. O convite era por algumas horas ficar cego, experimentar por alguns minutos um mundo sem luz, onde as experiências sensoriais são diversas das quais estamos acostumados. Enquanto eu era conduzido, pensava que seria interessante e imaginava saber o que seria ser cego, pensei: “é só brincar de fechar os olhos”. Acreditei que sabia o que iria acontecer, acreditei estar preparado. 

Os olhos abertos e nenhuma luz, a sensação de desorientação, um relativo sentimento claustrofóbico; as sensações que tive nos primeiros minutos foram absolutamente diversas do que esperava. Algum tempo depois e com um gasto razoável de autocontrole, me adaptei. Iniciamos o nosso jantar, o comentário à mesa era sobre a dificuldade que as pessoas deficientes visuais vivem, e como realmente era complicado lidar com essa situação todos os dias. O ato básico da alimentação era um desafio, por muitas vezes o garfo chegava vazio a boca e um pouco sem jeito, lentamente, todos à mesa, foram admitindo que em alguns momentos recorriam ao uso das mãos. Comemos dessa forma despreocupados, rindo da situação inusitada. Já adaptado àquela circunstância específica quase me sentia confortável e de certa forma liberto de padrões, sabendo que ninguém poderia me ver. Voltei a ser criança e desavergonhadamente, admito, usei as minhas mãos sem me preocupar se havia lavado as mesmas, o guardanapo caiu, usei a toalha de forma tranquila para limpar as mãos.

Foi nesse momento, que o meu companheiro de mesa, Bruno Leal Pastor de Carvalho, uma das mais brilhantes mentes presentes no grupo, lembrou que as pessoas ali sentadas podiam usar as suas mãos para auxiliar na alimentação, no entanto, para o deficiente visual isso nem sempre era possível. As pessoas com deficiência visual sabem que são vistos e que devem ter um comportamento à mesa equivalente aos não cegos, ou seja, o que experimentávamos era um simulacro, uma aproximação da realidade dos cegos e não o seu cotidiano. O desconforto inicial voltou, eu quase senti vergonha de ter limpado as mãos na toalha, sai de lá com a sensação de que apenas imagino o que é ser cego, que o esforço de superação diário dos deficientes visuais e de todos os outros deficientes é intransferível. Não podemos acreditar que através de alguns momentos privados de visão possamos de fato compreender o que é viver assim. 

Esse momento, no restaurante, reproduz o que vivi em Israel. Cheguei imaginando saber o que esperar, e fui colocado diante de circunstâncias novas, onde sinceramente, acreditei entender. Depois de alguns dias percebi que tinha a opção de voltar ao Brasil, que o meu cotidiano não era aquele, que por mais que imagine, por mais que tenha visto e estudado, não educo a minha filha numa escola onde as paredes são reforçadas, onde elas são treinadas para ataques a bomba, onde os jovens estão realmente dispostos e preparados para uma guerra. Onde o seu vizinho pode um dia ser seu algoz. 

O que vivemos foi um simulacro, uma breve e parcial experiência da realidade, com certeza abrandada pela natureza da viagem e pela dedicação dos nossos anfitriões, em mostrar um país que vai muito além das guerras. Vivenciamos momentos incríveis e belos, encontramos um povo dedicado e fortemente vinculado ao Estado de Israel. Observamos o grau de organização desse Estado e de seu povo. Sentimos a necessidade que o povo Judeu sente em ter o seu Estado e a concepção de que sem esse lugar não há outro, o que, infelizmente a história em diversos momentos confirmou.

Quanto ao povo judeu, particularmente ao israelense, o encontro com o arquiteto Sergio Lerman, resumiu o que percebemos. Estivemos com Sérgio, conhecendo a arquitetura de Jaffo e TelAviv. Passeamos pela arquitetura turca, inglesa, árabe, pensando sobre a cidade branca, onde a escola de Bauhaus se fez tão presente. Aí então, surge da boca de Sergio a seguinte afirmação:“Estamos num país de fanáticos... de fanáticos pelo país”. Imediatamente o guia AdiEshed completa dizendo:“fanáticos não, e sim dedicados”. A minha reação e de maior parte do grupo foi sorrir, acredito que na verdade ambos concordavam. A semântica não mudava o sentimento que existe no coração dos Judeus, a dedicação e a vinculação com o Estado de Israel. Que sem dúvida, não passa somente pela questão teológica, ultrapassa em muito o fato religioso. A chama acesa pelo movimento sionista no século XIX, liderado Theodor Herzl, sem dúvida permanece vibrante. Essa chama ainda arde, mesmo com todas as suas contradições. 

A expectativa inicial era encontrar um país marcado pelo conflito, o nosso olhar estava atento a qualquer manifestação das querelas e disputas. Estava, sinceramente, pronto para ver a segregação e discriminação e até a violência para com os Árabes. Conversava com o Prof. Rui Alves Gomes de Sá, para que estivéssemos atentos às manifestações segregacionistas, e que tínhamos que observar com atenção a relação entre Árabes e Judeus. Buscamos ver os muros, as barreiras, e sem grande dificuldade encontramos. Os muros no aeroporto com a sua rígida segurança, muros nos olhares, nas armas que insistiam em aparecer nas mãos de jovens. Nós vimos os muros, mas também enxergamos pontes. O esforço dos nossos anfitriões em nos mostrar as ligações, os esforços de integração, eram evidentes. O esforço sem dúvida foi recompensado. Enxergamos as pontes, e reconhecemos os esforços desse Estado constantemente ameaçado em estabelecer o diálogo e em dividir de alguma forma suas conquistas e seu espaço.


O texto foi organizado pelo Prof. Rui Alves Gomes de Sá, Diretor de Ensino do Curso e ColégiopH, escrito com a minha colaboração e abrilhantado com pequenos textos dos nossos anfitriões Ruth Appenbaum e Ariadne Jacques, o que segue são breves comentários sobre as experiências vividas, onde simulamos viver Israel, onde olhamos a ponte por um único lado. Onde conhecemos um único lado do muro, e nos encantamos, sem, no entanto, esquecer que esse é apenas um dos lados do muro.

Claudio Ribeiro Falcão
Coordenador de Geografia do Curso e Colégio pH.


2 - MUROS E PONTES

Não é de hoje que a geopolítica do Oriente Médio é conturbada e causa espanto pela tamanha reincidência de conflitos. A questão que envolve a região conhecida como Palestina, entre a costa oriental do Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, é, sem dúvida, o maior desafio para a consolidação de Estados soberanos, democráticos, legítimos e representantes de uma nação no Oriente Médio. É sabido também que o Oriente Médio enfrenta outros desafios de ordem geopolítica na atualidade. Como exemplos: a teocracia no Irã, a falta de um Estado representativo para os curdos, a instabilidade no Iraque, o domínio do terror e do fundamentalismo religioso no Paquistão e Afeganistão e as democracias fajutas ou ditaduras escancaradas em outros países árabes, que hoje estão caindo e não sabemos bem para onde vão. A preocupação de que a queda desses regimes possa levar ao poder grupos extremistas e intolerantes é real e absolutamente válida.
Israel está no que alguns diriam que é o coração do problema. Esse cenário, que envolve a região, é impulsionado pelas disputas territoriais, políticas e por recursos naturais (água, petróleo, etc.).


Israel e o hebraico moderno: um jovem país e sua antiga língua

 Pode-se dizer que a capacidade de se expressar através de um código estruturado, de uma língua, é o ponto central que diferencia os seres humanos de todos os outros seres vivos que integram o ecossistema. A linguagem é a faculdade de expressão à qual grupos de pessoas recorrem para entrar em contato com os outros, através de algo que lhe é próprio e que é parte necessária de seu mundo e da sua convivência com as outras pessoas. 

Apresenta-se nas modalidades oral e escrita, todavia, uma língua é muito mais do que uma mera ferramenta de expressão. Na verdade, é através da língua que as pessoas expressam sua interioridade, sua concepção do mundo, e é assim que um determinado código passa a ser a manifestação do povo que o fala, tornando-se um instrumento de interação, para que uns transmitam aos outros suas realizações. Por essa razão, a língua está intrinsecamente ligada às identidades e às culturas humanas.

Segundo vários estudiosos, sabe-se que o povo judeu utilizou o hebraico como língua falada, até o período de exilio da Babilônia (cerca  de 586 a.C), quando passou a falar as línguas nacionais dos países onde foram morar. Apesar de terem abandonado a língua hebraica falada, ainda assim mantiveram sua identidade através da tradição, cultura e religiosidade comuns, escritas nos textos bíblicos, nas orações, e na literatura, etc. O hebraico vinha sendo utilizado, desde então, como elemento de manutenção e não de comunicação no dia-a-dia, e, dessa forma, mesmo antes da criação do Estado de Israel, o hebraico já́ podia ser considerado, e certa forma, como um fator de constituição da identidade judaica, e foi este uso contínuo de um idioma comum que propiciou a integração entre os judeus de diferentes nacionalidades.

Todavia, o renascimento do hebraico, como língua falada, ocorreu, no final do século XIX e começo do século XX, quando voltou a ter status de língua nacional, depois da independência de Israel, em 1948. O principal responsável por sua reconstrução foi Eliezer Ben Yehuda (1856-1927), um judeu de origem russa, que soube estabelecer um forte vínculo entre a necessidade de uma pátria para os judeus e sua antiga língua, o hebraico, que poderia ser utilizada como instrumento de unificação. Para construir o hebraico moderno e dar-lhe status de língua nacional, Ben Yehuda recorreu a alguns elementos do árabe, do ladino, do iídiche, e de outras línguas ocidentais. Atualmente, o hebraico e o árabe são as línguas oficiais de Israel, e ambas pertencem ao tronco semitas. O escrito mais famoso, escrito originalmente em hebraico, é o Tanakh, que constitui a base das Escrituras Sagradas, e as cópias mais foram encontradas entre os Manuscritos do Mar Morto, datados dos séculos II a.C ao I d.C. 

Ariadne Jacques


Palestina é o nome da região que hoje abriga o Estado de Israel, alguns territórios palestinos, partes da Jordânia, do Líbano e da Síria, como se vê no mapa a seguir.






Trata-se de uma área estreita que vai do Mar Mediterrâneo à planície do Rio Jordão, que deságua no Mar Morto, fronteira com a Jordânia. No sentido latitudinal, compreende do paralelo 31°N ao 33°20’N, estando, portanto, inserida no hemisfério Norte, acima do Trópico de Câncer. Predominam na região os climas semiárido e mediterrâneo. Contudo, por encontrar-se numa faixa subtropical (do Trópico, até 40°) e cercada por montanhas mais altas, como as do Líbano e o Planalto da Arábia, a Palestina também apresenta seus desertos. O relevo funciona como barreiras para que o ar úmido chegue à região. Mais ao Sul da Palestina pode-se observar o Deserto do Neguev e ao Norte, na região da Galileia, o deserto da Judeia. A vegetação original foi em parte retirada para dar lugar às imensas lavouras, muito bem sucedidas apesar do semiárido e dos desertos. A propósito, atualmente a paisagem desértica se alterna com longas estepes mediterrâneas.

Pudemos experimentar a paisagem desértica e semiárida, entramos no deserto da Galileia, fomos ao Mar Morto e as Cavernas de Quram. A paisagem é bela, fascinante e intrigante. Olhando para as diversas Tamareiras ao longo da estrada e observando o relevo árido, o primeiro pensamento que nos ocorreu foi sobre a importância da água, acostumados à realidade brasileira, onde temos fontes abundantes, o choque é inevitável.


Foto do Deserto visto da fortaleza de Massada.



Um tema de fundamental importância para evitar erros na compreensão dos eventos geopolíticos na Palestina e a disposição dos recursos naturais na região. Antes de qualquer outra consideração, é preciso destacar que, com exceção da água, muito pouco dos conflitos na área envolvem disputas por extração de recursos naturais. O Oriente Médio é a região que mais produz e exporta petróleo no planeta, no entanto, tais fontes não estão na Palestina. Não há uma só gota de petróleo na região. Logo, judeus e árabes não estão em confronto há quase século por controle de reservas de petróleo. A maior parte da Palestina está sobre Escudos Cristalinos do formados no Pré-Cambriano, e a única grande riqueza mineral que figura na região é o diamante. Israel é o maior exportador de diamantes lapidados do mundo. Contudo, boa parte chega bruto, importado de outros países. A cidade de RamatGan, vizinha deTelAviv, é a sede da bolsa de diamantes de Israel e essa indústria contribui vigorosamente com a economia nacional.

Outra conquista impressionante dos israelenses – já que nos territórios palestinos o tema ainda é um desafio – é a grande produção de alimentos. A agricultura que começou nos assentamentos agrícolas comunitários de judeus que migraram para a Palestina ainda no séc. XIX(os kibutzim), e floresceu com trabalho intensivo sobre a terra, ainda que sem muita tecnologia é destaque.

Durante a nossa estadia tivemos a oportunidade de visitar o Kibutz Sa’ad, próximo à Faixa de Gaza. A organização comunitária fica evidente logo no primeiro contato, a localização faz com que o conflito fique evidente nas construções e nas palavras dos seus moradores. O Kibutz por diversas vezes foi alvo dos mísseis palestinos, oriundos da Faixa de Gaza, após conflito instaurado. As construções sofreram e ainda sofrem uma série de adaptações em função dos conflitos com os territórios palestinos, mais especificamente na Faixa de Gaza. Em diversas ocasiões este local foi atingido por mísseis árabes. Vale observar o teto das escolas e a construção de quartos especiais preparados para eventuais ataques.


Casas no Kibutz Sa’ad

Quartos construídos em anexo as casas – “minibunkers”

Vista do telhado da Escola


Kibutz Sa'ad com Faixa de Gaza ao fundo

Com a criação do Estado de Israel, os investimentos na agricultura aumentaram substancialmente e com eficientes técnicas de irrigação os israelenses ensinaram ao mundo “como se rega a horta com pouca água”. Terras áridas foram, portanto, transformadas em agricultáveis e o setor hoje é autosuficiente para a população do país. O uso de tecnologia na racionalização da água parece ser o grande segredo. Tanto que os campos estão cheios de sensores de umidade – que interrompem a irrigação quando o solo já está suficientemente úmido.

Com uma agricultura intensiva e moderna, Israel chega até a exportar alimentos. Destaque para a fruticultura, legumes, verduras e cereais. Em contrapartida, o país importa grande quantidade de commodities, com destaque para os combustíveis fósseis e água mineral. Vale lembrar que os israelenses há tempos já usam a cara tecnologia de retirada de sal da água do mar (dessalinização).

Com mais de sete milhões de habitantes, Israel apresenta um dos melhores indicadores socioeconômicos do Oriente Médio: com média de 0,872, o país possui elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os serviços de saneamento ambiental são destinados à maioria das residências, fato que reflete na baixa taxa de mortalidade infantil: 5 para cada mil nascidos vivos. Outro destaque é a educação, onde 97% dos israelenses são alfabetizados.
 
A economia nacional se fortalece com a ajuda financeira dos Estados Unidos (EUA) e com o envio de dinheiro de judeus que vivem no exterior.

Dentro desse país que apresenta uma economia pulsante vimos os “muros” e as“pontes” sendo construídas; radicalismo e tolerância sendo trabalhados de forma igual. Foi claro perceber as duas situações opostas vividas por Israel.

OS MUROS

Como já foi dito nos deparamos com diversos muros. No entanto, o muro da Cisjordânia se destaca. A sua construção é resultado da intolerância e da violência que persiste, sendo a sua construção e os motivos que levaram a sua existência um dos maiores obstáculos ao diálogo e a tão desejada paz.

O muro construído em torno e por dentro dos Territórios Palestinos ocupados, essa muralha de concreto serve sem dúvida para garantir um espaço mais seguro aos Judeus. Segundo o governo de Israel, a cerca tem o propósito de evitar a infiltração de terroristas nas áreas israelenses. Todos os Israelenses com os quais conversamos confirmaram que a sensação de segurança aumentou em muito com a construção do muro e que de fato, o número de incidentes diminuiu. Já para a Autoridade Nacional Palestina a cerca visa criar um fato consumado e incorporar partes dos Territórios Palestinos ao território de Israel. O muro é chamado de “Cerca de Separação” ou “Cerca de Segurança”, pelo governo israelense. Já os palestinos geralmente se referem à barreira como “Muro de Segregação Racial”.




Passamos ao longe e ao longo do muro, e tivemos a oportunidade de debater com o jornalista Israelense Amotz Asa-El acerca dos conflitos árabe-israelenses. Essa conversa deixou claro, em nossa opinião, que a paz parece distante. Os esforços existem, o desejo existe, no entanto, a incapacidade de enxergar o outro, as motivações do outro e as necessidades do outro, ainda persistem tanto em segmentos Árabes como Israelenses. Ouvimos o lado Israelense que, como não poderia deixar de fazer, destacou as iniciativas Judaicas em busca da Paz. Com certeza o esforço de Israel para a paz se chocam com a falta de coesão e organização política por parte dos Palestinos.

Ao observarmos o quadro político em Israel, nos parece que o discurso político tem se suavizado. Partidos que historicamente priorizavam o “conflito”, tem assumido uma postura mais branda e favorável a negociação com os árabes, obviamente desde que isso não coloque em risco a segurança e soberania absoluta do Estado de Israel.



 AS  PONTES“O mundo existe unicamente graças ao sopro das crianças na escola”.Talmudda Babilônia, Shabat, 119b.



Os muros eram fáceis de serem vistos, mas com um pouco de esforço vimos às pontes. Importantes pontes, inclusive. Visitamos universidades e escolas lindíssimas não só em termos de espaço/infraestrutura, mas também, em termos de aplicação da educação.

The Open Universityof Israel, o Davidson Institute of Science Education e uma escola pública totalmente digital, Tichon Net, são exemplos concretos de uma nova ideologia propagando a paz e a união entre os povos. Em Todos os espaços educacionais, pudemos observar a presença de estudantes e professores árabes.




Visão do Interior da Escola - Tichon Net 


Durante a visita à escola Tichon Net, tivemos a oportunidade de conversar com o seu dinâmico e curioso diretor Yoram M Kalman, a afirmação desse dedicado professor nos traz um sopro de esperança para uma situação tão delicada vivida nesse local. Segue o discurso:



“Israel pretende levar à prática uma
igualdade de direitos e obrigações entre
meninos e rapazes (homens e mulheres)
e entre alunos de redes públicas laicas
e redes religiosas. O sistema educacional
não permitirá que nenhum grupo,
principalmente os grupos mais fragilizados
(fracos), sejam injustamente prejudicados.”

São inegáveis os esforços de integração que presenciamos. A educação foi apontada como o grande instrumento para a construção de um futuro, senão pacifico, ao menos mais próximo de um convívio sem conflitos diários e sangrentos. Saímos de Israel convencidos da existência de cidadãos comprometidos com a educação e com uma visão de mundo integradora e universal.



Israel 2013: Carnaval brasileiro no Mar Morto

Minimamente vestidos e pintados com máscaras negras, um grupo de brasileiros passaram o carnaval 2013, no Mar Morto, em Israel. Cantando famosas marchinhas do carnaval do Brasil, eles convidaram um grupo de idosos israelenses, que flutuavam nas águas salgadas do Mar Morto, para se juntar a eles na celebração.

 Esse grupo de brasileiros participou de uma viagem exploratória a Israel, cujo objetivo era levá-los a experimentar a realidade israelense, durante aqueles dias. Ao longo do trajeto, as pessoas visitaram diversos lugares, para que pudessem representar os diferentes pontos de vista da vida naquele país. Passearam entre o passado e o presente, entre o judaísmo, cristianismo e islamismo; entre cidades, kibutz e moshav; entre o hebraico, o árabe, o inglês, o amhar (a língua dos etíopos), além do português, e das muitas outras línguas que podem ser ouvidas nas ruas de Israel.

 Ouviu-se diferentes depoimentos: o de um israelense, que nasceu em Jerusalém ; o de um professor, do Instituto Waizman, que nasceu na Argentina, mas vive em Israel há mas do 50 anos ; o de um arquiteto brasileiro, que vive em TelAviv há 40 anos  e o de uma etíope, que aqui chegou recentemente, entre muitos outros que refletem a pluralidade dessa sociedade. Ouviu-se também o depoimento de uma pioneira, nascida há 87 anos, em TelAviv, que participou da construção do kibutz no qual ela vive até os dias de hoje. 

 Israel é hoje a casa de todas estas pessoas, e elas estão muito orgulhosas de sua casa. Estão orgulhosas com o fato de que, apesar de todas as dificuldades, a sociedade israelense existe, é criativa, inovadora e tem sabido enfrentar seus muitos desafios com dignidade. Todos se sentem orgulhosos de seus jovens, pois eles dão continuidade e levam adiante os valores de excelência, assumindo compromissos com o futuro, e assim contribuindo para a melhoria da medicina, da educação, da arte, etc., para o bem de Israel e para o bem do mundo. 

O israelenses estão felizes por poder compartilhar com os brasileiros tudo isso. O que eles desejam é paz e alegria para todos os cidadãos que vivem nessa região. Desejam, principalmente, que os vizinhos palestinos possam sentir, algum dia, orgulho da casa que eles também podem construir aqui.  Os israelenses agradecem pela alegria brasileira que o grupo  trouxe a Israel e espera vê-los de novo algum dia.

 Ruth Appelbaum – doutora em História da Arte ( especialização em arte islâmica e cultura )



3 - CONCLUSÃO
Quando pensamos escrever esse texto a primeira e tentadora ideia era fazer uma retrospectiva dos conflitos das diversas guerras e dos acordos de paz. Percebemos que se assim o fizéssemos estaríamos reproduzindo um erro, compreensível, mas grave. Reduzir Israel e toda a Palestina, e mesmo os povos Judeu e Árabe, ao conflito.

Rio Jordão, local de batismo de Jesus Cristo

Vimos em Israel um Estado organizado, tecnologicamente desenvolvido, preocupado com a integração de diversos segmentos sociais (não só árabes, mas também dos judeus oriundos da Etiópia, que representam a base da pirâmide econômica do país). Cabe ressaltar que visitamos um centro de apoio aos judeus etíopes, essa emocionante visita merece, deveras, um tratamento especial. Quem sabe um próximo artigo?





Em Jerusalém, pudemos sorrir e barganhar junto aos árabes, que insistiam em tentar falar português enquanto passeávamos entre as suas lojas.  Eles diziam que éramos bem-vindos(menos nas mesquitas da esplanada, onde a entrada continua fechada aos não muçulmanos).



Convivemos diariamente com dois Judeus israelenses (Adi e Ruth) e uma Judia brasileira Ariadne, que a todo momento demonstraram o seu amor e comprometimento com o Estado de Israel, sem no entanto, estarem cegos para idiossincrasias existentes. Quando estávamos em Jerusalém fomos avisados sobre a “Síndrome de Jerusalém”: doença mental (ou seria uma iluminação?) que atinge muitos peregrinos, que passam a vida na Terra Santa pregando e tendo visões. Loucos ou iluminados? Não sabemos ao certo, mas com certeza apaixonados pela cidade dourada e suas histórias. Hoje, sem esquecer as contradições, sem esquecer que existem diversos muros, sem em nenhum momento apagar da memória a existência de um outro lado que não foi visto, temos que avisar a todos que pretendem visitar esse país - Cuidado com a Síndrome de Israel, vocês podem se apaixonar !



Shalom!

Claudio Ribeiro Falcão ( Coordenador de Geografia do Sistema pH de Ensino) e Rui Alves Gomes de Sá ( Diretor de Ensino do Sistema pH de Ensino)



4 – LUGARES INESQUECÍVEIS

Em anexo algumas fotos com breves comentários, feitos pelo Prof. Rui Alves. Algumas das fotos usadas foram tiradas por membros da comitiva. Agradecimentos especiais ao Mauricio Loiola Pinto e Alexandre Busco Valim pelas excelentes fotos.



A capital de Israel (embora não reconhecida como tal pela ONU e pela maioria dos outros países), Jerusalém é linda, apaixonante e emocionante.Começando com uma visita ao Monte das Oliveiras percebemos do alto a grande quantidade de abóbodas e torres para essa cidade sagrada para as três principais religiões abraâmicas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Nessa paisagem, se sobressai o dourado da Cúpula do Domo da Rocha, local onde, segundo a tradição islâmica, o profeta Maomé subiu aos céus, sendo este o mesmo local onde Abraão sacrificaria seu filho.

Visualizamos a igreja do Santo Sepulcro, onde Jesus teria sido crucificado, enterrado e ressuscitado. É um local que pessoas do mundo todo peregrinam e conhecem todo o sacríficio feito por Jesus.




Outro local sagrado é o Muro das Lamentações, única estrutura restante do Grande Templo, sagrado para os judeus, que dividem o espaço com turistas de outras religiões para rezas.

 
Você já foi à Massada? Com esse jogo de palavras vamos sempre nos lembrar da fortificação sobre platô que serviu de refúgio para judeus que resistiram aos romanos e preferiram a morte à captura. Um dos símbolos mais usados e reverenciados do nacionalismo Judeu. Massada foi um forte construído sobre um platô rochoso isolado em que 960 judeus escolheram perder a vida (não se consegue provar esse número já que só encontraram cerca de 30 vestígios de corpos), no ano 73 (em algumas fontes, 74) para escapar do jugo dos romanos. Ou seja, é um símbolo de resistência da cultura judaica.É um lindo sítio arqueológico, à mais de 400 m do chão, que revela a vista do Mar Morto e da região desértica do entorno.

 

Para qualquer engenheiro é uma obra espetacular... O complexo contava com um engenhoso sistema de cisternas que acumulavam água da chuva, um arsenal e depósitos de alimento que foram encontrados pelos judeus que derrotaram a legião romana que estava no lugar e tomaram o forte em 66. Após a destruição do segundo templo em Jerusalém, em 70, outros judeus vieram se refugiar no local. Quando os romanos finalmente conseguiram subir à fortificação, o grupo decidiu que era melhor morrer que enfrentar a captura e a escravidão. Como o judaísmo condena o suicídio, dez homens foram escolhidos em sorteio para matar os restantes. Depois, um homem foi escolhido para matar os outros nove e, então, cometer o suicídio.


O Mar Morto é um daqueles tópicos curiosos das aulas de Geografia – na verdade um lago, o lugar mais baixo do planeta Terra, a mais de 417 m abaixo do nível do mar, tão salgado que não abriga vida além de poucos micro-organismos.É um lugar de beleza natural dramática, uma mancha azul com bordas brancas (sal), encravada entre formações rochosas no deserto. A presença de uma combinação única de minerais em suas águas atrai pessoas em busca de tratamento para diferentes doenças e deu origem a uma variada gama de cosméticos.
 O primeiro contato com a água chega a ser desagradável: ela parece ser grossa, oleosa. Assim que o corpo se solta, a sensação é de ser levemente empurrado para cima.
Essa riqueza toda, porém, está reduzindo. Por causa do maior uso das águas do rio Jordão por Israel e pela Jordânia, o Mar Morto está diminuindo. Seu nível de água vem baixando por volta de um metro por ano. As autoridades já estão pensando em fazer uma ligação do Mar.




O bom é que dá para aproveitar o melhor dos dois mundos, TelAviv, centro de empresas de tecnologia de ponta, tem a vida noturna de Jaffa. Vale a pena visitar a bela “Cidade Branca”, conjunto de 4000 prédios no estilo Bauhaus, a maior concentração do mundo, declarada patrimônio mundial pela Unesco em 2003.