29/06/2009

Cota de Discórdia


Introdução

A questão das cotas raciais e sociais em universidades públicas está criando um impasse indesejável. Depois de conceder liminar suspendendo o benefício no estado do Rio de Janeiro, a Justiça decidiu, de forma ponderada, que ele está valendo para o próximo vestibular. No entanto, enquanto não houver decisão final, ele fica suspenso nos seguintes.

Ou seja, por enquanto, a indecisão persiste. Isso é o pior que pode acontecer para os alunos e para as instituições, que, sem saber como será a divisão de vagas para os próximos anos, ficam impossibilitadas de fazer seu planejamento acadêmico. Aliás, no meio universitário, principalmente, pensar a médio e longo prazos é fundamental.

A concessão de cotas a segmentos da sociedade considerados injustiçados será sempre polêmica. Dos dois lados, contra e a favor, há argumentos sólidos a justificar a opção.

Objetivo

Existe uma grande parte da população no Brasil a favor das cotas. Elas seriam o melhor remédio para compensar as desigualdades sociais. Surgiram para abrir as portas das universidades a jovens negros.

É solução curiosa: pula por cima do problema real das deficiências do sistema público de ensino básico e procura compensá-las abrindo as portas do ensino superior para o grupo mais numeroso das vítimas dessas deficiências. Concentrar esforços na melhoria do sistema, nem pensar: dá muito trabalho, demora muito.

Assim, desde que o sistema foi instituído, não se tem notícia de qualquer campanha ou ação oficial para melhorar as escolas públicas municipais e estaduais. As cotas resolvem aparentemente o problema; melhor, ignoram que ele exista. E parece haver, entre alguns políticos, educadores e cientistas sociais, uma aprovação em favor dessa solução preguiçosa.

Na verdade, é preciso reconhecer que a ideia das cotas tem o encanto da simplicidade e da rapidez. Dispensa qualquer preocupação séria e de longo prazo com a qualidade do ensino médio. Basta abrir as portas das universidades para mais candidatos. Não apenas pelo critério da cor da pele. No Rio, já há cotas para pessoas com deficiências físicas, para filhos de policiais e bombeiros. É muito mais fácil escancarar as portas do ensino superior do que oferecer à população um ensino médio gratuito e de boa qualidade.

Questão Racial

Em tese, as cotas surgiram como uma tentativa de corrigir uma injustiça histórica – o desfavorecimento a negros e índios –, em meio a um sistema de educação pública de má qualidade. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado deve votar um projeto que propõe expandir esse sistema e criar reservas de vagas com critérios raciais e socioeconômicos nas universidades federais.

Discutida como uma questão educacional, a instituição das cotas esconde seu real alcance para o país. Não se trata apenas de reparar injustiças contra estudantes negros ou índios. Se for aprovado na comissão e no plenário do Senado, o projeto criará a primeira lei racial do Brasil em 120 anos de história republicana. “A criação de cotas raciais não vai gerar problema para a universidade, mas para o país”, afirma o geógrafo Demétrio Magnoli. Ele participa das discussões no Senado e escreve um livro sobre a questão racial. “A partir do momento em que o Estado cria a raça, passa a existir também o racismo.”.

Por outro lado, o principal argumento dos militantes que fazem lobby pela aprovação das cotas raciais é o de que a herança da escravidão precisa ser reparada. Os negros brasileiros de hoje seriam descendentes dos escravos e, por isso, estariam muito atrás na corrida pelas oportunidades do mercado de trabalho. “As cotas têm de ser criadas porque os negros foram injustiçados”, diz Frei David Raimundo dos Santos, da ONG Educafro, um dos mais ativos militantes pró-cotas. “Por causa dessa herança, até hoje quem vai à universidade é a classe média branca, não a população negra.”

Acho interessante passar o testemunho do advogado José Roberto Militão, militante há 30 anos do movimento negro, contrário à instituição das cotas.

Militão faz parte da parcela cada vez mais relevante de ativistas do movimento negro que não quer a instituição das cotas raciais. “O Brasil nunca teve orgulho racial, nunca foi dividido. Os Estados Unidos sempre foram assim. O movimento negro vê isso como um dado negativo, mas é positivo”, afirma. Entre os censos de 1940 e 2000, o número de brasileiros que se declaram pardos cresceu de cerca de 20% para os 42% atuais. Isso mostra que os brasileiros não têm o sentimento de identidade racial. Ele teme que a criação das cotas coloque esse sentimento de mestiçagem a perder e gere conflitos raciais. “Aprovar um projeto de cotas raciais é ir na contramão”, afirma Militão. “O excluído pela cota vai debitar isso na conta do negro.” Esses excluídos formariam, portanto, um caldo de cultura para o racismo.

Alternativa

Diante do fato de ser pouco provável haver um consenso possível diante desse impasse, que não interessa a ninguém e cria a constante instabilidade de um recurso à Justiça mudar as regras do jogo, é preciso que o poder público tome atitudes. Uma delas poderia ser promover amplo debate nacional sobre o tema e, quem sabe, decidir a questão em referendo.

A eleição geral de 2010 poderia ser oportunidade de os brasileiros afirmarem se querem ou não que vagas nas universidades públicas sejam reservadas para grupos. Seria uma decisão soberana da sociedade e em relação à qual não caberiam mais recursos.

Com isso, chegaríamos a um modelo de ocupação das vagas na universidade e escolas públicas. Ele, certamente, não mudaria a opinião de quem é contra ou a favor, mas permitiria adotar a forma escolhida pela maioria. É assim que se faz na democracia.

Conclusão

No meu ponto de vista, criar atalhos para alunos entrarem no ensino superior é uma medida paliativa. A origem do problema da educação brasileira é a péssima qualidade do ensino público e a distância entre seus alunos e os que frequentam a rede privada. De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), que avalia o desempenho dos alunos em língua portuguesa e matemática e sua aprovação, as escolas particulares estão em média 2 pontos na frente das públicas, numa escala de 0 a 10. A distância só aumenta com o avançar das séries. Em 2007, 90% dos alunos do 3º ano do ensino médio da rede pública não haviam aprendido o conteúdo esperado. A doença da educação ruim não será resolvida com mudanças no vestibular, menos ainda com a adoção das cotas. Mas há um grande risco de a adoção das cotas trazer uma doença capaz de rachar a sociedade brasileira - o racismo explícito na lei.

Propagandas Insólitas



















28/06/2009

O ídolo

O dicionário Houaiss nos traz o seguinte de ídolo:

“pessoa intensamente admirada, que é objeto de veneração”

Logo que aparece um talento esportivo, os jornais se empenham em transformá-lo num ídolo, publicando diariamente reportagens que, como já vimos, tratam não apenas de seu desempenho nas competições, mas falam também sobre a sua vida privada, as/os seus/suas namorados/as, seu corte de cabelo, a marca de seu carro, suas roupas, seu lazer.

O verdadeiro ídolo

Hoje, em dia, vulgarizou-se a concepção do ídolo no esporte. Chama-se de ídolo de um time, de uma torcida aquele jogador que se destaca dos demais devido ao seu talento.

Jogadores como Edmundo, Romário, Adriano, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e muitos outros são proclamados na mídia como ídolos de suas torcidas por terem um talento excepcional. Mas serão eles ídolos?

No meu ponto de vista, de forma alguma. Ídolo é aquela pessoa com grande talento, capaz de servir de exemplo a todas as gerações (principalmente para as crianças). Profissional capaz de passar valores morais e éticos, cumpridor de todas suas obrigações, e que se destaca dos outros companheiros por treinar e se aperfeiçoar bem mais que todos os outros.

Como podemos chamar de ídolo um jogador que dirigindo em alta velocidade e com suspeita de ingestão bebida alcóolica produz um acidente com vítimas fatais? Um jogador que não treina, não faz suas obrigações profissionais baseado no fato de ter um enorme talento? Um jogador que além de se meter em confusões na noite, ainda fez propaganda de cerveja, mesmo estando ligado ao esporte?

Devemos sim valorizar jogadores como Oscar, Hortência, Zico e outros. Esses atletas sempre se destacam por seu talento, pelo cumprimento de suas obrigações profissionais e pelo trabalho dentro e fora de campo com o objetivo de serem os melhores em suas profissões.

“O futebol tem seus direitos e deveres, como qualquer carreira. O importante é saber o que você representa, o que é um grupo. Penso que ninguém deve ter privilégios. Todos têm os seus direitos. A diferença é no seu salário em função do seu trabalho, rendimento.”

Essas foram as palavras que Zico me disse quando o questionei sobre o que era, na sua concepção, um verdadeiro ídolo.

O Custo de Oportunidade com a crise: o “sobe e desce” das Bolsas de Valores

Sinais da crise

A revista Cartacapital do mês de outubro de 2008 apresentou um cálculo interessante feito por um especialista: “se você tivesse investido R$ 1000,00 em janeiro de 2005 nos papéis da AIG, hoje teria R$ 59,00. Se você tivesse comprado R$ 1000,00 em latas de refrigerante, teria bebido bastante e, hoje, ao vender só as latinhas, conseguiria R$ 80,00.” Isso nos remete a uma importante reflexão sobre como aplicar o nosso dinheiro e abre uma discussão sobre o custo de oportunidade, “perdas e ganhos”, na crise mundial, ou seja, o que se perde quando se renuncia a uma oportunidade.

É importante observar que, nesse raciocínio, aparecem elementos como a análise de conjuntura, o risco da aplicação e o tempo de abdicação do consumo, mesmo tendo os R$ 1000,00 preparados para serem gastos.

Exemplo prático, para facilitar o entendimento, analisando o valor de um aluguel.

Um imóvel custa R$ 100.000,00 e o valor do aluguel desse mesmo imóvel é R$ 700,00. Se, em vez de comprar o imóvel, você investe o capital em um fundo de renda fixa, por exemplo, que lhe dará um retorno de 1% (R$ 1000,00), você tem um baixo custo de oportunidade, visto que a decisão de comprar o apartamento (nesse caso) seria pior, FINANCEIRAMENTE falando.

O custo de oportunidade de um capital aplicado em um negócio é o valor que ele geraria em termos de remuneração em outra aplicação.

Analisemos a situação da Bolsa de Valores...

Como funciona o cenário da Bolsa?

Há muito tempo, no Brasil, poupar era sinônimo de abrir uma poupança e depositar nela as possíveis sobras da receita doméstica. Uma atitude muito comum era guardar dinheiro para aquisição de um bem no futuro. A oferta de produtos não era tão grande, assim como os mecanismos de crédito. Com o processo de globalização da economia, novas formas de investimento foram se popularizando, entre elas a compra de ações.

De forma simplificada, a bolsa de valores representa as expectativas futuras do lucro de uma empresa, de forma que os portadores de suas ações ganham parte proporcional de lucro, quando a empresa vai bem, e perdem, caso contrário.

No entanto, a crise econômica nos faz observar outros fatores, além do desempenho da empresa responsável pelo valor da ação.


Exemplo: a Petrobras encontra-se num instante promissor, pela possibilidade da exploração do petróleo situado na camada pré-sal. Mesmo assim, percebe-se uma grande desvalorização do preço de suas ações. Por quê?

Além da depreciação do valor do barril do petróleo, inclusive pela diminuição da capacidade produtiva e de consumo, a empresa necessita de recursos, e é isso que, no momento, está faltando: dinheiro.

Isso acontece porque a crise econômica é também uma crise de confiança. A quebra de bancos, por exemplo, gera um grau de incerteza no mercado que faz com que a circulação de dinheiro diminua. Quem tem não empresta, e só o faz sob condições de elevadas taxas de juros.

Projetos novos e rolagem de dívida tornaram-se difíceis para as empresas, o que deixa seu futuro incerto e, portanto, faz cair o valor das ações.

Observação: em economia, rolagem de dívida é um termo relacionado com o ato de “rolar” uma dívida, adiando o seu pagamento. Consiste na troca de títulos vencidos de uma dívida velha por títulos a vencer no futuro, que passam a construir uma dívida nova.

Como analisamos o Custo de Oportunidade?

Temos de comparar valores reais disponíveis em tempos diferentes. Para isso, em matemática financeira, aplicamos os conceitos de valor presente (VP) e valor futuro (VF), através da expressão:

VF = VP (1 + i)n, onde “i” é a taxa aplicada no referido tempo “n” (juros compostos).

Exemplo:

Calcular o investimento necessário para se produzir um montante de R$ 23000,00, a uma taxa de juros de 18,2% a.a. (ao ano), daqui a 288 dias. Considerar o ano comercial.


Utilizando esse conceito, podemos calcular valores de resgate de investimento (valor futuro), prestações de um financiamento, valor de quitação de uma dívida parcelada etc.

Abaixo, apresentaremos várias situações do nosso cotidiano. São problemas que podem ser resolvidos com o uso da fórmula acima, ou outras, com uma calculadora financeira ou científica.

1) Determine o valor de resgate de um investimento de R$ 15000,00, aplicado a uma taxa de juros de 1,8% a.m. (ao mês), por um prazo de quatro semestres.
Importante: tempo e taxa devem estar na mesma unidade.

Resposta: Depois de 4 semestres você terá R$ 23016,43.

2) Um estudante comprou um carro por R$ 20000,00, sendo R$ 5000,00 de entrada e mais 15 parcelas mensais “sem juros” de R$ 1000,00, vencendo a primeira parcela um mês após a compra. Determine a taxa mensal de juros implícita do financiamento, sabendo que o estudante poderia ter adquirido o veículo com um desconto de 10% para pagamento à vista.


Resposta: A taxa de juros foi de 1,84% a.m.


3) Um pai, interessado em fazer uma poupança para seu filho, resolveu depositar mensalmente R$ 1.000,00, durante 18 anos, com o primeiro depósito sendo efetuado daqui a 1 mês. Determinar o montante disponível para o filho, ao final do período, sabendo que a taxa de juros é de 1% a.m.

Resposta: Ao final dos 18 anos o filho terá R$ 757860,63 disponíveis na poupança.

02/06/2009

O Vestibular do MEC


Entendendo a polêmica

Nesses últimos meses, o que mais tem se ouvido é que o vestibular vai acabar.

No meu ponto de vista, acho inviável que isso ocorra. É preciso entender que quanto mais avançado o país, mais competitivo é o acesso às boas escolas, pois passam a ser mais decisivas no futuro do candidato. Na passagem do ensino médio para o universitário, há um “gargalo”, mesmo nos países mais ricos. Como há mais candidatos do que vagas, como decidir? Provas ou sorteios? Melhor escolher os alunos mais bem preparados.

Com isso, não há o “fim do vestibular” por uma razão - o total de vagas nas escolas superiores oficiais é, em média, 7 vezes inferior ao total de candidatos.

Vejamos como essa passagem é feita em outros países:

Japão - Enorme concorrência para entrar nas melhores escolas. Todos fazem curso, desde o jardim de infância.

Coréia - Os pais gastam tanto nos cursos quanto o estado em educação pública.

Estados Unidos - Em cada estado há instituições públicas obrigadas a aceitar qualquer aluno. Contudo, no topo da pirâmide, nas melhores universidades, a competição é elevadíssima, mais árdua que no Brasil. Logo, mais vagas não resultam na eliminação de concorrência.

A avaliação americana, em linhas gerais, é um teste composto por questões de múltipla escolha e dissertativas, dividido em três seções: leitura crítica, matemática e redação. Cada seção tem uma escala de pontuação de 200 a 800.

Há ainda, os SAT Subject Tests, que avaliam o conhecimento do estudante em relação a uma determinada disciplina acadêmica (existem 20, no total, como francês, química e história geral). A prova é tão importante por lá que virou até tema de filme, em 2004. Em “The perfect score”, estudantes tentam roubar as questões do exame.

O SAT é aplicado sete vezes por ano. Além disso, a nota nessa avaliação é apenas uma entre as muitas informações que os “colleges” e universidades levam em conta na hora de selecionar os candidatos. Há uma análise de outras informações, como atividades acadêmicas realizadas pelo aluno, cartas de recomendação escritas por seus professores, histórico escolar etc.

França e Argentina - todos os que têm Ensino Médio entram na faculdade, mas, no primeiro ano, metade é incluída. Vejamos cada país de foram isolada:

• Argentina - Não há vestibular. Antes da universidade há um curso - o Ciclo Básico Comum - realizado dentro dos próprios colégios. Os mais bem avaliados têm preferência na opção pelas faculdades.

• França - Não há vestibular ou curso. Os alunos prestam um exame chamado Baccalauréat (Bac). Basta atingir a média exigida para garantir lugar na universidade.


A nova proposta do MEC

Na minha concepção, o vestibular não é um exame ruim. Os grandes concursos das melhores universidades do país se prestam bem à sua finalidade básica, a de colocar na sala de aula os alunos mais aptos.

A recente proposta do MEC, principalmente voltada às universidades federais, para unificar os exames vestibulares por meio de um novo exame geral, tem produzido reações confusas e mal-entendidos.

Os vestibulares, que envolvem mais de um milhão de pessoas no país a cada ano, com o poder de decidir quais serão escolhidos para ocupar um reduzido número de vagas nas universidades públicas, despertam sentimentos fortes. Tão fortes que acabam prejudicando a percepção de que um exame nacional unificado, como o proposto pelo MEC, ainda é um exame vestibular; por sinal, o maior de todos. Unificar os exames federais de forma alguma indicará o fim do vestibular.

A nova proposta é mudar o ENEM para utilizá-lo como vestibular nacional.

Essa proposta não põe nada de pernas para o ar. Trata-se de um grande vestibular com 180 questões e uma redação. A avaliação pretendida, sem dúvida, consolida o formato para o qual tem caminhado a aplicação dos grandes vestibulares - questões conceituais e contextualizadas. A única restrição que faço é a de não haver questões discursivas. Isso pode ser compensado usando-se o ENEM como prova de primeira fase das faculdades.

A pretensão da proposta é grande. Ela permitiria aos estudantes concorrer a qualquer vaga em universidades federais do país. E, certamente, estudantes de outros estados concorreriam às vagas do Rio de Janeiro. Entretanto, considerando apenas uma carreira, Medicina, que aqui tem alta concorrência, o movimento maior seria do Rio de Janeiro para fora - apenas por uma simples questão aritmética.

A prova deixará de exigir dos alunos quantidades colossais de informação para priorizar o raciocínio e a capacidade de solucionar problemas em quatro áreas do conhecimento. As linhas mestras já estão dadas, como explica Reynaldo Fernandes, presidente do Inep, órgão do ministério responsável pelo exame: “A prova ficará no meio do caminho entre o excesso de informações cobradas no vestibular e o pouco conteúdo do antigo Enem. Testará mais a capacidade de solucionar problemas da vida real do que o conhecimento acumulado”.


Uma possível conclusão crítica

O vestibular nada mais faz do que classificar os candidatos pelo seu conhecimento. Se a prova for fácil, difícil, discursiva ou de múltipla escolha, não terá muita importância, pois a concorrência é que tornará difícil a entrada. Sobrando vagas, todos vão entrar.

No fundo, o grande lema é um só: as sociedades modernas premiam cada vez mais a qualidade da educação recebida, tornando mais competitiva a entrada no Curso Superior e requerendo mais esforço dos alunos que disputam vagas nas melhores faculdades.

É necessário relembrar, porém, que nem tudo são desenhos e lápis de cor. Há uma série de questões e fatores políticos envolvidos na escolha entre um modelo e outro. No entanto, na atual conjuntura mundial (não apenas nacional), qual processo não apresenta pilares políticos, econômicos ou sociais?

Ademais, o aluno que estava preparado para o antigo modelo, também estará para o novo. O conteúdo programático vai permanecer basicamente o mesmo, nenhuma grande nova matéria vai ser adicionada às questões. Portanto, é apenas uma nova maneira de aplicar tudo aquilo que foi estudado e compreendido, ao longo das aulas e provas.

Há de se frisar, enfim, que há tempo para adaptação ao novo modelo e que não há melhorias ou novos defeitos. Há, na verdade, diferenças entre os modelos. As novas vidas são baseadas em mudanças, muito mais frequentes do que, por vezes, podemos notar. Essa é mais uma, que devemos entender e a que devemos nos adaptar. Ao clichê “vivendo e aprendendo”, podemos adicionar, então, um vivendo, se adequando e, assim, aprendendo.
Rui Alves Gomes de Sá

Moralidade x Legalidade



No último mês de abril, veio à tona mais um caso de uso indevido do dinheiro público pelos nossos parlamentares: “o caso das passagens aéreas”:

Mais da metade dos deputados usou passagens aéreas da Câmara para fazer turismo no exterior com namoradas, filhos e amigos.

Pelas regras, os parlamentares têm direito a uma cota de passagens aéreas que pode chegar a dezoito mil reais por mês. Esse benefício foi criado para permitir a possibilidade de volta para casa toda semana. A grande maioria não usa todo o dinheiro e, em vez de devolver o valor não utilizado, usa essa sobra para crédito de bilhetes para o exterior.

Ao serem indagados sobre essa postura, vários disseram que não estavam fazendo nada de errado por não ter um “regulamento da casa” explicitando estarem cometendo um erro.

Estamos assim diante do conceito da ética confrontado com o da legalidade.



Antes de tentarmos entender como esses dois aspectos se relacionam, é necessário que tenhamos certeza do que os dois significam. Mesmo sendo dois termos abstratos, moral seria “conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada”, conceito extraído do dicionário Aurélio. Já legalidade seria um conjunto de condutas aceitáveis e permissíveis, de acordo com a legislação vigente no país. Mesmo que o assunto possa soar um tanto massacrante, é interessante esclarecer tal diferença e ver quais são as semelhanças, para futuras situações da vida cotidiana; até porque nunca se sabe quando determinados conhecimentos serão necessários.

Afinal, como esses dois termos se relacionam? É importante afirmar, primeiramente, que eles não têm o mesmo significado, mesmo que muitos possam pensar dessa forma. No conceito de moral, não há um conjunto definido e documentado de regras a serem seguidas. Na verdade, podemos dizer que a legislação que rege esse campo está presente na própria mentalidade de um povo, em um determinado local e de uma época específica, podendo, portanto, variar, no tempo e no espaço. Já o termo legalidade assume uma acepção um tanto quanto mais rígida e atemporal, levando em consideração o que seria muito tempo de diferença, em critérios históricos. É regida por uma documentação legislativa, inclusive.

Diante disso, temos que muitas situações envolvem posturas imorais, mas não ilegais. Em muitos casos, é possível fazer uso da lei para benefício próprio, por exemplo. Mesmo estando de acordo com a legalidade, não estamos de acordo com a moral, que, por ser também flexível, é deturpada, em muitos casos.
No caso dos políticos, qualquer pessoa com um mínimo de dignidade e de boa-fé tem noção de que verbas públicas não podem ser usadas para fins privados.

Esse é apenas um caso. A mídia já relatou vários outros: pagamento de contas de telefones celulares dos filhos, abrigo de parentes e empregados domésticos, contratação de “fantasmas” como empregados.


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Desvios éticos, como no caso das passagens, e reações intempestivas e tolas de alguns parlamentares produzem, em alguns setores, péssimas reações contra a democracia, como a defesa do fechamento do Congresso. A ausência do Congresso leva obrigatoriamente a um regime autoritário e autocrático.

O que devemos fazer? Continuar na busca por pessoas corretas, éticas e íntegras para o nosso Congresso. O voto tem de ser a nossa resposta!



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Rui Alves Gomes de Sá

O Profissionalismo do Jogador Brasileiro


Com a chegada do jogador Adriano ao Flamengo, depois de uma saída conturbada do Inter de Milão, aumentou-se o questionamento sobre o profissionalismo do jogador brasileiro.

Adriano recebia seus altos salários sempre em dia, tinha ótima infra-estrutura no seu clube e a enorme perspectiva de continuar a ser convocado para a seleção brasileira. E o que aconteceu? Alegando problemas existenciais (ele dizia não ser feliz), forçou sua saída do time italiano com o intuito de poder resolver sua vida. Logo depois, acertava seu contrato com o Flamengo.

Há pouquíssimo tempo, esse jogador foi considerado suspeito por frequentar churrascos e festas com traficantes, bandidos procurados pela polícia, com quem ele compartilhou uma infância pobre na Vila Cruzeiro. Esse jogador é exatamente o mesmo que viajou com a seleção brasileira e depois sumiu sem avisar ao seu clube, instituição que lhe pagava – em dia – os salários. Além disso, esse próprio jogador, depois de diversas especulações sobre seu sumiço – como overdose e Aids (dentre ouros boatos) – foi responsável por uma festança com prostitutas e até travestis. Ele é, ironicamente, a representação das esperanças de uma torcida, que, alheia a qualquer questão moral que o envolva, também prefere esquecer tudo de ruim que lhe faça referência.

Torcida e mídia pouco falam sobre esse mau comportamento. Ronaldo, em entrevista à TV Globo, corrobora essa atitude e diz que eles, os jogadores, devem ser cobrados apenas pelo que fazem em campo. Nesse momento, parece que o importante é valorizar a permanência dele no Rio de Janeiro.

Situações como a do Adriano, que simbolizam a falta de profissionalismo e de cumprimento dos deveres, repetem-se com vários outros jogadores brasileiros (como Robinho, Ronaldinho Gaúcho etc). Isso só prejudica a imagem do Brasil, cujo povo, em sua maioria, é muito trabalhador.

É muito importante não deixarmos a paixão pelo futebol nos tornar cegos para atitudes tão erradas.

Rui Alves Gomes de Sá

Seção do Humor

1) O Casamento

“Recentemente, foi realizado um casamento no interior do Rio Grande do Sul. O nome do noivo era José da Silva Brochado. Já a noiva se chamava Lúcia de Souza Pinto. No final das contas, resolveram que ela continuaria a usar o nome de solteira...”
(Fonte: Jornal “Zero Hora” – RS)


2) Os Cabelos Brancos


Um dia, uma menina estava sentada olhando a mãe lavar a louça na cozinha. De repente, percebeu que ela tinha vários cabelos brancos que apareciam no meio do cabelo escuro e perguntou:
- Por que você tem tantos cabelos brancos, mamãe?
A mãe respondeu:
- Bom, cada vez que você faz algo ruim e me faz chorar, ou me deixa triste, nasce um cabelo branco em mim.
A menina ficou pensando sobre o que a mãe falou por alguns instantes e logo disse:
- Mãe, por que todos os cabelos de minha avó estão brancos?
(Fonte: Jornal “Extra” – RJ)

3) Obina


Por que o jogador OBINA voou para São Paulo de TAM?

Porque, se ele fosse de GOL, perdia...




Rui Alves Gomes de Sá

Caderneta de Poupança

As novas regras da poupança

Com a taxa básica de juros Selic em queda, a poupança - o investimento mais simples e popular do Brasil, que é isento de tributos e tem rendimento fixado em lei - está prestes a se tornar uma das mais rentáveis aplicações do país. Isso poderá provocar desequilíbrios profundos no mercado, que vão desde a dificuldade de a União se financiar até possíveis prejuízos aos bancos.

Além da resistência natural a mudanças numa instituição de 148 anos, a sociedade ainda tem vivo na memória o confisco do governo Collor. Como a alteração da forma de remuneração terá que ser aprovada pelo Congresso Nacional, o governo federal terá que ser exímio jogador, se quiser levar adiante a proposta.

A poupança, por lei, tem que render ao menos 0,5% ao mês, o equivalente a 6,17%, ao ano, mais um indexador, a Taxa Referencial (TR), que fechou 2008 a 1,63% e que este ano deve ficar abaixo de 1%. Os fundos de investimento, em geral, compram títulos públicos, que têm alto giro e remuneração elevada. O balizador deste mercado de título, grosso modo, é a Selic, hoje a 11,25% ao ano.

Um aplicador de fundo de investimento com menos de R$ 20 mil dificilmente receberá este percentual cheio, pois seu poder de negociação com o banco é pequeno.

Além disso, ele terá de descontar 2%, em média, de taxa de administração e recolher no mínimo 20% a título de Imposto de Renda. Ou seja, o ganho da sua aplicação ficará praticamente empatado com o da poupança - que, além de isenta de tudo o que ele paga no fundo, honra depósito de até R$ 60 mil.


As consequências das novas regras

Cerca de 80% das carteiras dos fundos estão aplicadas em papéis do governo. A migração trará, portanto, consequência para o financiamento da dívida pública, que é rolada com a emissão de títulos: com a poupança rendendo mais, esses aplicadores vão se desfazer dessas operações, obrigando o administrador do fundo (o banco) a vender os títulos do governo para pagar o cliente. Isso não interessa ao Tesouro Nacional, que passaria a ter dificuldades para rolar a dívida pública, que supera R$ 1 trilhão.

O restante das carteiras é composto por aplicações em títulos privados (debêntures e Certificado de Depósitos Bancários-CDBs), comercializados por agentes financeiros para buscar recursos para emprestar às pessoas físicas e às empresas.

A poupança faz parte do Sistema Financeiro de Habitação (SFH): os bancos pagam 6,17% aos poupadores e cobram 12% nos contratos imobiliários.

Por isso, não interessa a ninguém que a poupança renda mais que fundos. Por mais que doa, o governo não tem alternativa a não ser reduzir os rendimentos dos poupadores.

Veja uma matéria do Jornal Hoje, explicando as novas medidas:


Segue, abaixo, um resumo das mudanças propostas pelo governo que ainda serão analisadas pelo Congresso Nacional:

- A partir de 2010, os poupadores que tiverem mais de R$ 50 mil aplicados em poupança deverão pagar Imposto de Renda sobre parte do rendimento obtido com a aplicação. Se a medida fosse aplicada este ano, aproximadamente 895 mil poupadores estariam sujeitos à tributação. Ao todo, existem cerca de 90 milhões de cadernetas de poupança no Brasil. Poupadores com aplicação inferior a R$ 50 mil não pagarão impostos sobre o valor. Também estarão isentos da nova taxação os rendimentos de poupanças acima de R$ 50 mil de poupadores que têm a caderneta como única fonte de renda.

- O montante do rendimento sobre o qual irá incidir o IR varia de acordo com a oscilação da taxa de juros básica, a Selic. Com Selic no patamar de 10% a 10,5%, haverá tributação sobre 20% do rendimento. Com Selic entre 10% e 8,75%, o imposto incide sobre 30% do rendimento. Com Selic entre 8,75% e 8,25%, haverá tributação sobre 40% do rendimento; 60% para Selic entre 8,25% e 7,75%; 80% para taxa de juros entre 7,75% e 7,25%; e 100% dos rendimentos serão tributados com Selic abaixo de 7,25%.
- A taxa a ser considerada é a praticada nos últimos dias do segundo mês anterior ao da tributação. Ou seja, a taxa Selic a ser considerada para tributar os rendimentos da poupança em fevereiro de 2010 será a do final de dezembro de 2009. Desta forma, o investidor poderá avaliar previamente as vantagens de manter o dinheiro na poupança.

- A alíquota a ser aplicada varia de acordo com a tabela tradicional do Imposto de Renda, que em 2010, deverá incidir sobre valores de rendimentos tributáveis acima de R$ 1.499,15. Hoje, a alíquota varia entre 7,5% e 27,5%.

- A tributação será feita na declaração anual de ajuste do imposto de renda, com base na soma dos rendimentos tributáveis mensais do contribuinte. Não será necessário que todos os titulares de cadernetas de poupança apresentem a declaração de ajuste. Apenas aqueles cuja soma dos rendimentos tributáveis (que, além dos rendimentos da poupança, inclui aluguéis, salários e pensões, por exemplo) ultrapasse R$ 17.989,80 no ano.

Rui Alves Gomes de Sá